quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Testamento





Vamos brincar de dar nome aos anjos

Vamos sair na rua apontando culpados

Vamos dizer mais uma vez que não somos responsáveis

Pelo que deixamos de fazer e construir

Vamos deixar tudo para depois

Como reféns da rotina que desgasta

Vamos desprezar tudo o que é belo

E jogar todos os sonhos pela janela

Minhas grandes idéias em liquidação

São como folhas que caem no chão de fuligem

Do que sobrou do prazer e da vertigem

Porém, minha ambição se tornou tão pequena

Que nada disso representa um problema;


Queria ler hoje uma carta sua

Mas só tenho lido manchetes obscuras

Bombardeando minha cabeça lunática

Na deficiência automática

De criar fatos e fotos

Do que não foi

Queria saber quem é o pai do acaso

E chamar este homem de Deus

Porque meu destino é o acaso

Todo acaso é um caso

E o meu descaso pelas coisas

É se preocupar demais com você;


A palavra eu,

Melhor trocar por nós

A palavra eu

Melhor trocar por nós

Afinal, até a palavra eu

Precisa de duas letras

Para representar apenas uma pessoa

E nada estará completo

Sem um vício ou um afeto

Nada estará completo

Sem o meu amor por perto.


2 comentários:

  1. Curti bastante eu blog muito legal....... Radical, interessante e com estilo.. abraços...

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  2. Cara, sua forma de escrever é espetacular.
    Tem um certo mistério, mas não deixa de estar na cara a verdade... A verdade.
    Parabéns, mesmo.

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