quinta-feira, 22 de abril de 2010

A missão de um poeta



Há dias tento atualizar este blog, que fiz com o intuito de praticar a minha escrita. Porém, descobri que acabei perdendo meu talento para a prolixidade neste meio virtual, onde muito se fala e pouco se constrói. Então, recorro aos meus velhos poemas, e aproveito da capacidade de livre interpretação que eles possuem.


Acredito na afirmação de que uma poesia resume um bom livro, mas um bom livro não resume uma poesia. Descrições minuciosas não conseguem resumir paixões, decepções, loucuras e ideais. Pra isso existem os poetas, caso contrário, cientistas e teóricos seriam suficientes para explicar a vertigem que se sente de todo prazer e o receio de toda dor.


O ato de não contentar-se com a mera explicação, e o desejo de lutar contra a obviedade das coisas formam a essência do verdadeiro artista. Toda criança é artista, mas com o passar do tempo, as responsabilidades e obrigações do nosso dia-a-dia, roubam da gente a capacidade de abstrair e imaginar um mundo melhor. Daí, o contentamento vai tomando agente, até nos tornarmos mais um dente dessa grande engrenagem dos sonhos financiados.


Não pretendo levantar bandeiras, nem queimarei as suas. Apenas quero ter a liberdade de andar na contra mão da lógica quando desejar. E mesmo que zombem de mim, terei a consciência de estar tecendo a minha bandeira. Serão bem vindos aqueles que puderem contribuir com alguns trapos. Algumas pessoas se julgam mais dignas, pois seguem ao pé da letra a lógica institucionalizada de seu partido, time ou religião. Não vejo problema em admirar aqueles que são capazes de viver a sua própria utopia, desde que respeite a do próximo.

Portanto, não cabe ao poeta construir novas leis, apenas transmitir novas visões. Considero tudo uma poesia, isso não é “viadagem”, é uma forma confortante de enxergar a vida. É poder contemplar o mundo, e assim, notar o desconhecido de toda rotina. Existem milhões de possibilidades e pouco tempo de vida, por isso devemos extrair o máximo de cada momento. Algumas pessoas chegam ao extremo, tornando-se o próprio momento, enquanto outras se tornam vítimas do passado ou escravas do futuro.

PS: O que escrevo não é auto-ajuda, para isso, tenho amigos e família. São apenas opiniões.



O amor, o tempo e a guerra

Um dia, toda brincadeira fica difícil de se controlar,
Deixando a cabeça cheia de botões que nunca vou apertar,
E já não há soldados, nessa guerra somos todos iguais,
Também não há culpados: os inocentes não se julgam capaz;

Meu amigo,
Não vá dizer que não dá,
Melhor correr perigo
Do que morrer sem tentar;

Já perguntei ao meu passsado se algum dia ele vai me perdoar,
Ele me respondeu - "meu caro, isso não é coisa de se perguntar",
Melhor olhar pra frente, atrás vem gente que só pensa em depois,
E a curiosidade vai matando à todos, um por um, dois em dois;

Meu amigo,
A musa da nova estação,
Não quer brincar comigo,
E abusa a minha atenção, sem ação...

Eu andava em cima do muro, sem saber pra que lado pular,
O meu grito parecia sussurro,
Comparado com a força e o barulho do mar,
E pra não morrer afogado, aprendi nadar também,
Ao chegar a praia estive ao seu lado,
Te falando de amor enquanto falam de guerra;

O amor, o tempo e a guerra,
O amor, a guerra e o tempo,
me leva também...

Adriano Amendola

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Guardando o hoje no dia de amanhã



Para quê escrevo?

Escrevemos por aquilo que consideramos importante lembrar, ou seja, sobre nosso aprendizado. Dessa forma, ensinamos nosso futuro a ser futuro, mas existe um forte movimento no mundo, disseminando a amnésia coletiva, desde os primórdios da civilização. Que parte daqueles que determinam o que deve ser lembrado, e como devemos nos lembrar. Isso explica como vilões constantemente se tornam heróis com o passar dos tempos, e vice-versa.


Portanto, tomo a atitude egoísta de escrever por mim e para mim, não pense que é para você que está lendo agora. Numa atitude solitária, registro o meu "hoje", como forma de resistência ao grande comedor de cérebros que é a nossa moral, condicionada por aqueles que detêm o poder.

Da mesma forma que acumulamos quinquilharias nas gavetas, nos porões e nos quintais, vou guardando meu hoje no dia de amanhã, mesmo que não faça sentido e não sirva pra nada. Porém, o futuro é um grande museu que recicla aquilo que já foi registrado, dito e vivido. Seguirei registrando meu hoje no grande celeiro das fazendas da Google...



TROVADORISMO ASTRAL


Eu vim de outro planeta
e cai no seu quintal,
me leve ao seu governante,
vou dar um ponto final;

pra tantas contradições
em seus preceitos morais,
só não vou bancar o Messias;

Sou viajante do acaso
sem nave espacial,
do reino sem realeza,
trovadorismo astral;

Vim captando ambições,
novelas, telejornais,
e cai no planeta terra;

Eu captei a canção
o rádio e os comerciais,
e ouvi segredos de guerra;

Eu vim de outro planeta,
e agora vim pra ficar,
para cuidar do futuro,
vim do futuro estelar;

Mil anos-luz de uma vez
numa canção de ninar,
é o detonar de uma bomba,
e um dia agente se entende,
e um dia agente se encontra,
então serei sua sombra.

Adriano Amendola