Vamos brincar de dar nome aos anjos
Vamos sair na rua apontando culpados
Vamos dizer mais uma vez que não somos responsáveis
Pelo que deixamos de fazer e construir
Vamos deixar tudo para depois
Como reféns da rotina que desgasta
Vamos desprezar tudo o que é belo
E jogar todos os sonhos pela janela
Minhas grandes idéias em liquidação
São como folhas que caem no chão de fuligem
Do que sobrou do prazer e da vertigem
Porém, minha ambição se tornou tão pequena
Que nada disso representa um problema;
Queria ler hoje uma carta sua
Mas só tenho lido manchetes obscuras
Bombardeando minha cabeça lunática
Na deficiência automática
De criar fatos e fotos
Do que não foi
Queria saber quem é o pai do acaso
E chamar este homem de Deus
Porque meu destino é o acaso
Todo acaso é um caso
E o meu descaso pelas coisas
É se preocupar demais com você;
A palavra eu,
Melhor trocar por nós
A palavra eu
Melhor trocar por nós
Afinal, até a palavra eu
Precisa de duas letras
Para representar apenas uma pessoa
E nada estará completo
Sem um vício ou um afeto
Nada estará completo
Sem o meu amor por perto.